1) Final de agosto – 2009: Santos, calor insuportável. Meu coração batia tão forte que parecia que sairia pulando de dentro de mim. Olhava a minha volta, olhares preocupados, respirações ofegantes, quase 30 meninas nervosas. Depois de quase 6 meses de treinos diários, choros, brigas, e muitas quedas, literalmente, tudo se resumia em 5 minutos de apresentação. No camarim, era uma mistura enorme de emoções: medo, ânsia, felicidade, nervosismo, cansaço... o aperto no coração aumenta a cada segundo, não podemos nem beber água, ela não passa pela garganta. Por fim, fazemos uma fila, finalmente arrumadas, chapéu pra cá, espada pra lá. Passamos pelas meninas do Fluminense, sussurros educados de boa sorte. Por um segundo, foi como se tudo a minha volta parasse, não ouvi os gritos altíssimos da platéia, não antes de rever o vídeo da apresentação 100 mil vezes. Cinco minutos passaram tão rapidamente que pareceu que faltava uma coisa, pose final, aplausos e aplausos. Podia enxergar as pessoas, mas não identificar os rostos. Acabou, finalmente. Mas a melhor parte ainda estava por vir. Reunidos todos os patinadores dos clubes, fosse de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul ou Santa Catarina. Juntamos nosso grupo, a Fernanda no meio, e nós meninas em volta. “Queridas, eu quero que saibam, que não importa o resultado que nós teremos hoje, tudo isso foi uma vitória, e eu agradeço do fundo do meu coração, por ter proporcionado isso a vocês, e recebido tantas coisas boas em troca”. O resultado ainda não saiu, mas as lagrimas já. Olho para aquelas garotas com quem passei tanto tempo, Dani, Catarina, Sabrina, Rafa, Aline, Ana, Giovanna, Julia... são todas especiais, são todas essências, e são todas vencedoras. Sai grave o som do microfone: “Em terceiro lugar, Madagascar 2!” Gritos, comemoração. Agora já é mais tenso, o coração bate tão forte que posso ouvir o de minhas amigas. Olho para as minhas mãos, envoltas pelas mãos delas, o que foram 2 minutos pareceram durar infinitas 3 horas completas. “E em segundo lugar... A Fantástica Fábrica de Chocolate”. Não sei como não ficar surda, gritos de felicidade tão altos, tão intensos. Tentar segurar o choro foi inútil, a emoção era tanta que eu senti que poderia voar... Cantamos, dançamos, choramos... abraços e beijos. Lembro perfeitamente de erguer minha treinadora no ar junto com 60 braços amigos, e cantar diversas vezes “piratas cantando, nos fomos muito bem... muito muito bem”. O abraço da mãe, depois do pai, e a entrega das medalhas. Uma medalha de ouro nunca pareceu tão pesada, tão presente e tão significativa. Tai... vencer o Brasileiro de patinação é um momento que eu nunca vou esquecer.
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