Novamente arrumar meu quarto me fez refletir sobre algo importante. É incrível como nós, seres humanos, guardamos coisas das quais não precisamos. Não digo que fazemos isso por mal, do tipo ‘mão de vaca’ mesquinho que não da nada pra ninguém, mas o fato é que, as vezes, nos obrigamos a guardar coisas das quais não precisamos, porque temos medo de nos desfazer delas.
Veja se entende, hoje vasculhando meu armário, encontrei uma caixa de bijuterias velhas, dentro dela, havia um brinco feio de plástico e sem par. De inicio fiquei fitando-o, fazendo de tudo pra arranjar uma desculpa para mantê-lo comigo, sem nem ao menos saber porque o queria. Fiquei tentando lembrar se tinha sido importante para mim no passado, nada demais. Tentei me lembrar de quem tinha me dado ele, talvez um parente já falecido, ou algum amigo muito especial. Não, era apenas um brinco que eu havia comprado na segunda série, na renner.
Então comecei a questionar porque queria ficar com ele. Obvio que não o usaria nem se me pagassem, e nem ao menos poderia usar para enfeitar. Mas então para que guardá-lo de volta na caixa para deixá-lo mofando lá dentro? A resposta é simples: não gostamos de nos desfazer de nossas coisas, porque objetos velhos e inúteis nos fazem notar o quão rápido o tempo passou.
Basicamente, se resume a uma palavra: saudades. Eu, especificamente, cheguei a conclusão que não gosto de me livrar dessas coisas velhas, porque tenho medo de mudar. É, basicamente isso. Medo de admitir que o tempo a minha volta passa, e que em alguns anos, as coisas que hoje em dia eu gosto, serão apenas brincos velhos da renner. Coisas que hoje eu digo que são pra sempre, podem ser só fotos e lembranças da próxima vez que for pintar meu quarto.
Não necessariamente apenas coisas, pessoas também. É incrível como algo que ontem era importante para você, amanhã pode não ser mais. Sei que as mais importantes sempre ficam, mas existem as pessoas brinco, as pessoas que não são importantes o suficiente para não serem jogadas fora, quando você for arrumar seu quarto. Aquelas que hoje você diz que gostaria de manter até ser velhinha, e que ira contar sobre ela para seus filhos. O fato é que são poucas as que vão realmente presenciar sua velhice.
Então acho que no final, o melhor a se fazer é dar essas tais coisas para pessoas que precisam mais que você. Porque algo que pode não significar mais nada pra você hoje, as vezes, vira algo necessário e importante na vida de outra pessoa. É por isso que peguei minhas tralhas e doei, roupas, brinquedos velhos, e até um mp3. Mas um dos poucos bagulhos eu não dei, e não vou dar, é aquele brinco. Porque mesmo que não fosse importante antes, ele se tornou algo na minha vida, ao me fazer refletir sobre tudo isso.
Guardem, esqueçam, mantenham ou joguem fora... mas nunca deixem de doar também.
paula, seu texto é muito foda
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